O automóvel
colidiu, amassou, se inutilizou,
O jovem
saiu... Caiu... Ficou imóvel... Ninguém ligou.
O resgate
chegou, mas demorou,
No hospital
chegou atrasado... Estava lotado.
Foi
transferido para o velório, igual a todos os mortos ficou calado,
Todos se
calaram... Alguns choraram... Poucos se lamentaram.
Tudo voltou
ao normal esperando o próximo para ser velado.
Uma mulher
acordou sorridente...
Contente foi
passear, no passeio foi emboscada,
Foi ofendida e
ultrajada nas suas entranhas...
Foi violada
na sua intimidade.
Foi sufocada
na sua dignidade...
Roubaram lhe
a paz, foi estuprada... Violentada.
Chorou, pediu
justiça, mas o mundo até isso lhe negou,
Voltou à vida
da rotina, sacudiu a poeira e nunca mais passeou.
No seu mundo
se trancou... Negou-se a enlouquecer...
Deu fim a sua
vergonha, apenas se matou...
Ninguém mais
noticiou.
Um menino sonhava
e empinava sua pipa,
Não percebeu
a bala perdida...
Mudou de vida...
Talvez a eterna,
Nunca mais se
mexeu, nem uma lágrima saia.
Naquele dia morreu
com uma lata na mão,
Roubaram lhe a pipa,a linha, a infância e a
vida.
No céu não tem
vento, também não tem sonhos,
Não importa
mais, não precisara mais imaginar...
Que a pipa no ar é seu sonho de voar...
Agora é um
anjo e nem uma esperança pôde deixar.
Um homem
bêbado desabou na calçada...
Afogado na
angústia e na tristeza da humilhação.
Foi
atropelado sem escrúpulo por poderoso tubarão,
E ainda foi
culpado pelo ocorrido, quem mandou estar ali?
O que ninguém
sabe é que a bebedeira é consequência...
Não é causa
menos corriqueira que foge da incidência.
Bebeu por
vergonha de si mesmo...
Para esquecer que a dignidade lhe escapou,
No salário
que não lhe convêm...
Na sociedade
que não lhe quer bem...
Nos céus que
não mais acredita...
Na vida que
não tem mais sentido...
Morreu
sozinho, afogado na sua agonia.
Se
sobrevivesse não seria julgado inocente,
Se não
bebesse não morreria inutilmente,
Preferiu
assim à viver indignamente.
Na
modernidade a individualidade é normal e aceita.
Não se
importam com nada e com ninguém.
Onde está a
humanidade tanto querida e pregada?
Onde está o
amor?
Talvez preso
no orgulho, talvez preso na discórdia.
Talvez
acorrentado na angústia de ser moderno.
Não quero
mais ser da moda...
Quero viver
na simplicidade...
E amar mais a
humanidade.
Até a próxima
(Carlos de
Carvalho-24/06/14)