quinta-feira, 31 de julho de 2014

Desejo no ar


Uma fragrância de desejo no ar
Um cheiro de sedução me toma
Uma investida na intimidade
Uma vontade imensa de ter você.
Quanta vontade vem à tona
Quando, sem pensar, sinto seu perfume.
Sem perceber me lembrei do seu sorriso
Sinto o toque dos seus dedos
A me acariciar em minha volúpia
Quero te tocar, sentir sua seiva.
Vai delirar em frases e em fases
Vai me querer até o fim.
Tudo acontece quando queremos acontecer
Sentimos a presença de uma magia indescritível
No êxtase do gozo que a carne necessita
Que a alma exige e implora
Vamos deliciar juntos nesse momento
O aconchego do cansaço afetivo
Vamos acolher um ao outro
Nesse momento tão sublime...
Da existência do amor...

Da existência da paixão.

Até a próxima

Carlos de Carvalho

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Mundo Moderno


O automóvel colidiu, amassou, se inutilizou,
O jovem saiu... Caiu... Ficou imóvel... Ninguém ligou.
O resgate chegou, mas demorou,
No hospital chegou atrasado... Estava lotado.
Foi transferido para o velório, igual a todos os mortos ficou calado,
Todos se calaram... Alguns choraram... Poucos se lamentaram.
Tudo voltou ao normal esperando o próximo para ser velado.

Uma mulher acordou sorridente...
Contente foi passear, no passeio foi emboscada,
Foi ofendida e ultrajada nas suas entranhas...
Foi violada na sua intimidade.
Foi sufocada na sua dignidade...
Roubaram lhe a paz, foi estuprada... Violentada.
Chorou, pediu justiça, mas o mundo até isso lhe negou,
Voltou à vida da rotina, sacudiu a poeira e nunca mais passeou.
No seu mundo se trancou... Negou-se a enlouquecer...
Deu fim a sua vergonha, apenas se matou...
Ninguém mais noticiou.

Um menino sonhava e empinava sua pipa,
Não percebeu a bala perdida...
Mudou de vida... Talvez a eterna,
Nunca mais se mexeu, nem uma lágrima saia.
Naquele dia morreu com uma lata na mão,
Roubaram lhe a pipa,a linha, a infância e a vida.
No céu não tem vento, também não tem sonhos,
Não importa mais, não precisara mais imaginar...
Que a pipa no ar é seu sonho de voar...
Agora é um anjo e nem uma esperança pôde deixar.


Um homem bêbado desabou na calçada...
Afogado na angústia e na tristeza da humilhação.
Foi atropelado sem escrúpulo por poderoso tubarão,
E ainda foi culpado pelo ocorrido, quem mandou estar ali?
O que ninguém sabe é que a bebedeira é consequência...
Não é causa menos corriqueira que foge da incidência.
Bebeu por vergonha de si mesmo...
Para esquecer que a dignidade lhe escapou,
No salário que não lhe convêm...
Na sociedade que não lhe quer bem...
Nos céus que não mais acredita...
Na vida que não tem mais sentido...
Morreu sozinho, afogado na sua agonia.
Se sobrevivesse não seria julgado inocente,
Se não bebesse não morreria inutilmente,
Preferiu assim à viver indignamente.

Na modernidade a individualidade é normal e aceita.
Não se importam com nada e com ninguém.
Onde está a humanidade tanto querida e pregada?
Onde está o amor?
Talvez preso no orgulho, talvez preso na discórdia.
Talvez acorrentado na angústia de ser moderno.
Não quero mais ser da moda...
Quero viver na simplicidade...
E amar mais a humanidade.

Até a próxima


(Carlos de Carvalho-24/06/14)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

O valor do silêncio




Tem certos momentos na vida que o desejo maior é a solidão.
Gosto de fechar os olhos para não ver a requisição do seu olhar.
Que às vezes fere impetuoso o sentido da alma no vazio do silêncio.

È maravilhoso quando se pode calar a boca.
Sem se preocupar com a ausência das palavras.
 Ás vezes, no encalço da vida as palavras não dizem nada.
E em certos momentos fere os sentimentos de quem ouve.

O silêncio provoca a imaginação.
 Parece que é algo metafísico.
É bom senti-lo criativo bem fundo no coração.
Deixar soltar a voz do silêncio é entrar em estase na emoção.

Muitas vezes estou ermo, mas nunca solitário.
Tenho meus sonhos como companhia.
De madrugada busco minha quintessência.
Fecho os olhos, calo a boca e as bocas ao redor.
A busca se torna subjetiva, objetiva, sem decência.

Ouço apenas o tilintar do silencio.
Parece uma música dos céus.
Anjos que cantam melodias que alegram a alma.
O silêncio se mistura com essa música numa sinfonia de pensamentos.
A música se distrai numa dança descomunal.
Cantam e dançam em harmonia com meus desejos.

Alguém bate à porta, alguém precisa de atenção.
Tenho que voltar a vida... A realidade prevista.
Tudo é normal de novo, não tenho outra saída.
Espero de novo por outra madrugada.
E no silêncio voltar à vida.

                                
Até a próxima, 

Carlos de Carvalho




terça-feira, 8 de julho de 2014

Faz de mim


Faz de mim sua melodia preferida.

Seu cálice de vinho mais raro.

Seu brilho do farol na enseada mais escura.

Faz de mim seu manto num dia de frio.

Seu encanto numa manhã de primavera.

Sua inspiração numa noite de angústia.
Faz de mim o sabor do seu veneno.

O deus do seu sustento.

A espada da sua vingança.

Faz de mim o som de tua voz.

A lembrança do seu amor não vivido.

A espera já a muito esquecida.
Faz de mim a imagem do seu olhar.
O branco do seu sorriso.

O tema de sua prosa.

Faz de mim o seu segredo desvendado.

O seu martírio consagrado.

O seu gesto de toda ternura.

Faz de mim seu bem querer.
O seu bem viver.

Faz de mim o que eu faço de você.
Amor.


Até a próxima

Carlos de Carvalho




quarta-feira, 2 de julho de 2014

Próximo de mim




Quero agora viver em causa própria,
Sentir o que não pode mais ser sentido.
Quero ganhar o que antes já perdera,
Eu sei que as vezes quero ser o que a vezes não posso ser.
Ser alguém que já perdeu a chance de tornar-se ser,
Buscar a réplica de um argumento falido,
Cantar um refrão já por muito tempo esquecido,
As vezes quero ouvir a voz do coração,
Mas o coração já não dialoga somente se submete.
Somente enlouquece, somente se apavora.

O tempo já não é mais o remédio,
O remédio agora é veneno, me dilacera.
O que mais posso dizer, se ninguém mais me escuta?
Onde está a minha voz, onde está meu bom senso?
Quero uma trégua paterna, eterna, subalterna...

Vou infligir às leis, quero a prisão,
A prisão do seu coração, a prisão da liberdade imposta.
Quero o vento tocando meu rosto,
Quero o inesperado de um encontro não marcado,
Quero curtir a mágoa por ter amado,
Quero a alegria de ter vivido a triste perda,
Quero te encontrar num sonho a cada piscar de olhos,
Quero a paixão batendo a minha porta,
 Ilusão, não quero mais por aí perdida,
Quem tem que se perder, somos nós...
Perdendo- nos, talvez nos encontremos.

Você é a mulher que sempre preciso,
Você é o  amor que sempre me atraí,
Que não me traí, que sempre me busca,
Você é a razão do meu caos,
Faz-me  sentir perdido por vontade,
Coloca-me de encontro ao nosso objetivo,
Provoca-me uma força capaz de remover cada pedra do caminho.

Fique sempre ao meu lado, a minha frente, acima, abaixo...
Mas não saía de perto da minha vontade de te ter para sempre.
                                     
 Até a próxima
Carlos de Carvalho