sábado, 31 de maio de 2014

Cantiga de amor




Perguntar-vos, quero por Deus,
Senhora que fizeste mulher que me sangra o peito,
Mesurada e bem prendada, 
nunca imaginavas o tormento que me causas.
Que pecados foram os meus?
Que nunca me tevês por bom, 
Que nunca me fizeste um bem?
Entretanto, sempre aos teus pés soube te amar,
Desde os primórdios que a vi, 
mais que meus olhos podiam sentir,
E assim, Deus, quis me orientar 
por quem nunca me destes um bem,
Nunca me vistes como bom.

Desde os primórdios que a vi, 
sempre o amor maior te desprendi,
Mais do que pudesses suportar, 
mais do que tu pudesses querer.
Eu te desejei com todo meu ardor e poder,
E espero que os deuses do amor te tragam para meu prazer.
Suspiras um clamor de desejo ardente,
Mas se enveredas por caminhos inatingíveis.
Senhora, que no amor me faz vencido,
Que me tinges a alma da cor da ternura,
E me eleva à êxtase da paixão com seu olhar volúvel e sutil.

Senhora, que me enganas que domino, 
mas que não passo de cordeiro.
Me fazes sorrir, me fazes chorar e mesmo assim se afasta para não me amar.
Mulher, que se inflama em meus sonhos,
E me acorda em pesadelos de erotismo.
Dama que me sugas todas as forças e me põem ao bagaço,
Me deixa sem traços e não se demora em se esvair.

Senhora, eu me procuro em mim, 
mas sei que só estou em ti,
E sei que também não me queres até o fim.
Sei que seu amor me é inatingível, 
que por ser proibido fechou-se enfim.


Até a próxima,
                                      
Carlos de Carvalho

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Incêndio e fogo



                          

O incêndio provoca o calor.

O calor provoca desespero.

O fogo nos dá o alimento.

O incêndio, o sofrimento.

O incêndio é fogo descontrolado.

O fogo é incêndio provocado.

O calor ameniza o frio.

E o frio diminui a combustão.

O fogo nos tira o ar vital,

Para se manter aceso.

Vivemos nesse ciclo,

Dependemos do fogo para viver,

E o fogo precisa que eu viva

Para mantê-lo vivo.

Até a próxima,

Carlos Carvalho




terça-feira, 27 de maio de 2014

Jeito estranho






Nunca é difícil entender ou perceber.

Quando o desejo desponta no entardecer.

Não precisa mais rir da minha cara de “sem jeito”.

Pois eu não quero mais sorrir com você.

Parece que todo segredo já foi desvendado.

E finjo que me esqueço de tudo e volto ao teu lado.

Mesmo que tudo venha à tona quando olho para você.

No vazio procuro a inspiração, só vejo sua imagem.

E a procura parece desculpa para não te sentir o que no passado era desejo,

Era paixão...

E quanto mais longe quero ficar, mais próximo chego às lembranças.

Tudo se volta contra mim e acabo entrando sem querer na tua teia.

E quando passa toda tempestade quero o acalanto do seu colo.

Surge a verdade quase absoluta que não quero acreditar,

Ou não quero saber para não reconhecer o que deve ser mudado.

Penso profundamente em não mais amar...

Mas o amor não pede licença, apenas chega e ama, invade.

Apenas toma conta, é impossível não perceber.

Quantas vezes digo que não quero mais amar ninguém,

Mas o que a boca fala nem sempre o coração sente.

È quase difícil representar o que não quer ser mostrado,

Não é bom para o coração querer disfarçar.

Quem sabe descubro uma saída e entro novamente em sua vida.

Quero ser de novo o ar que você respira.

Todo o resto não me interessa tudo agora é só consequência.

O que no início era a causa hoje é só resultado.

Sei que vale mais a busca que o prêmio...

Sinto que a busca é estar próximo de alguém e sei que o prêmio é a indiferença.



Troféu amargo... Não quero mais.

Quem sabe eu nada seria sem você.

Mas quem sou eu que nada sei?

Não quero ser contrário a tudo, mesmo que tudo seja contrário a nós.

Porem sei que mesmo desejando tudo.

Sei que tudo pode estar perdido agora...

E me encontrar perdido é ficar sem você.

Cadê você?

                                

Até a próxima

Carlos de Carvalho