quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Cantiga de amor.



Cantiga de amor

Perguntar-vos, quero por Deus,
Senhora formosa que fizeste mulher que me sangra o peito,
Mesurada e bem prendada, nunca imaginavas o tormento que me causas.
Que pecados foram os meus?
Que nunca me tevês por bom, que nunca me fizeste um bem?
Entretanto, sempre aos teus pés soube te amar,
Desde os primórdios que a vi, mais que meus olhos podiam sentir,
E assim, Deus, quis me orientar por quem nunca me destes um bem,
Nunca me vistes como bom.
Desde os primórdios que a vi, sempre o amor maior te desprendi,
Mais do que pudesses suportar, mais do que tu pudesses querer.
Eu te desejei com todo meu ardor e poder,
E espero que os deuses do amor te tragam para meu prazer.
Suspiras um clamor de desejo ardente,
Mas se enveredas por caminhos inatingíveis.
Senhora, que no amor me faz vencido,
Que me tinges a alma da cor da ternura,
E me eleva à estase da paixão com seu olhar volúvel e sutil.
Senhora, que me enganas que domino, mas que não passo de cordeiro.
Me fazes sorrir, me fazes chorar e mesmo assim se afasta para não me amar.
Mulher, que se inflama em meus sonhos,
E me acorda em pesadelos de erotismo.
Dama que me sugas todas as forças e me põem ao bagaço,
Me deixa sem traços e não se demora em se esvair.
Senhora, eu me procuro em mim, mas sei que só estou em ti,
E sei que também não me queres até o fim.
Sei que seu amor me é inatingível,
que por ser proibido fechou-se enfim.
( Carlos de Carvalho)


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